Páginas

quinta-feira, 26 de agosto de 2010


Sentada em cima da tampa do vaso, eu fico olhando pro cabideiro. “ Por quantos anos ele está aqui?”. Dou risada com o meu pensamento bobo. Começo a tirar meu tênis e o coloco do lado da porta que está trancada. A chave se balança levemente ao jogar o tênis com um pouco de força e preguiça. “ Dia longo”, digo comigo mesma. Vou para frente do espelho e solto meus cabelos, e o coque pequeno se desfaz e meus cabelos pequenos aparecem, eu balanço minha cabeça bagunçando mais ainda e dou risada. Paro e me olhos atentamente no espelho, fico me olhando nos olhos, é intenso. Percorro cada marca e ponto de meu rosto.” Porque tenho que crescer tão rápido?”. Balanço a minha cabeça negativamente e começo a tirar a minha blusa devagar e a jogo no chão, desabotoou minha calça e dou risada comigo mesma por não conseguir tirá-la sem fazer tanto esforço. Respiro fundo e a empurro para baixo com um pouco de força e consigo desgrudá-la de minhas coxas. Sento novamente no vaso e a tiro por completa, a jogo no chão em cima da blusa. Me olho e solto um suspiro. Percorro as minhas mãos até o fecho de meu sutiã, ele se solta levemente, deixando meus seios libertos, os olho com curiosidade, mais deixo de lado.
Me levanto e deço as minhas mãos até a minha calcinha e a tiro, deixo cair sobre meus joelhos e afasto com os pés para perto de minha calça. Abro o box e aperto a torneira do chuveiro, e eu fico olhando os pingos caírem sobre o ralo.”Parece que quando ligo o chuveiro e os pingos caem, é como se eles estivessem tanto tempo presos e agora eu os libertei”, penso comigo mesma. Solto um suspiro e coloco meu pé direito sob os pingos e me sinto tão aliviada por sentir a água me tocar. Como por um impulso me jogo levemente na água e sinto desejo, alivio, alegria.. Tantos sentimentos. Passo minhas mãos molhadas sobre meus cabelos e sorrio ao sentir minha cabeça mais leve, sinto calafrios ao sentir a água percorrer meu corpo inteiro, não deixando nenhuma parte para trás. Abro meus olhos e jogo água no teto, dou risada com a minha mania de sempre fazer isso. Pego o sabonete e começo a passá-lo em meus ombros e depois meus braços, pescoço, seios, encho de sabonete a minha barriga, até deixá-la branca e desenho um coração em volta do meu umbigo, sorrio satisfeita com a minha obra. Termino de ensaboar meu corpo e fico me olhando e me perco em meus pensamentos. Acordo de minhas imaginações ao ouvir meu pai bater na porta e dizer:” Vai dormir ai?” , “ Eu já to terminando!”. E me enchaguo rápido e lavo meus cabelos depressa, sem nenhuma expressão, tiro todo o shampu que resta e desligo o chuveiro. Respiro fundo e digo baixo para que só eu escute: “Minha paz terminou”. E então eu me enrrolo na toalha e sinto um cheiro de limpo no ar, me olho no espelho e me vejo sozinha outra vez, o espelho está embaçado e eu faço as nossas inicias nele. Solto um suspiro. “Tenho que vestir a minha máscara de garota feliz”. E é o que eu faço, destranco a porta e viro a maçaneta devagar, a abro e respiro. “ E eu estou pronta para continuar a minha guerra”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário